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Desmistificando Bitcoin e Blockchain – conheça a tecnologia que promete mudar o mundo

Written by Live University - Ebusiness | May 30, 2017 2:00:59 PM

Caso você já tenha ouvido falar nestes dois termos, “Blockchain” e “Bitcoin”, é bem provável que tenha sido algo relacionado à Deep Web e àquelas histórias horrendas sobre venda de crianças e assassinatos de aluguel que são pagos com os “irrastreáveis bitcoins”. Se for sobre isso que você pretende ler neste artigo, sugiro que procure outro site. No entanto, se você deseja finalmente entender essa tecnologia que pode mudar o mundo (assim como a Internet o fez um dia) fique comigo e abandone o lugar comum.

"Vez ou outra, uma tecnologia realmente revolucionária surge e sempre nos leva a lugares que nunca imaginamos. Vimos esse cenário com o motor a combustão, telefone, computadores e, é claro, com a Internet. E agora, mais uma dessas revoluções está prestes a nos transformar – e ela é a tecnologia de Blockchain”.

Essa foi a fala de abertura de Mike Schwartz, especialista em Blockchain, em uma palestra realizada pelo TED Institute, em Paris, em maio de 2016. Mike prevê que essa tecnologia, se tudo correr como planejado, pode desencadear a primeira grande revolução da era da informação.

Ideologia

Não vou começar com uma explicação do conceito complicada e cheia de termos técnicos, pois em nada nos ajudaria. Em vez disso vamos entender primeiro a finalidade da tecnologia. Afinal, sabemos que tecnologia nunca é o fim, mas sempre um meio.

Pare para pensar: como é a nossa relação com o dinheiro hoje? (Quase) ninguém mais guarda as notas embaixo do colchão como antigamente, a grande maioria das pessoas guarda o dinheiro em uma conta no banco e a partir daí faz suas transações. O banco é um intermediário que garante a segurança dessas movimentações, por isso precisamos dele. Quando uma pessoa transfere dinheiro para outra hoje, são os bancos que auditam a transação, checando se o remetente tem aquele montante, se o destinatário possui uma conta para recebê-lo, entre outras coisas.

A finalidade inicial da rede Bitcoin foi justamente eliminar esse intermediário do processo de transações e as tornar seguras mesmo sendo feitas diretamente de uma pessoa para outra – são os chamados pagamentos peer-to-peer (P2P). No modelo atual, a auditoria é feita de maneira centralizada, ou seja, através dos bancos, a ideia dessa nova tecnologia é descentralizar essa validação distribuindo-a entre muitas pessoas simultaneamente. O gerenciamento não está mais nas mãos de uma única pessoa ou instituição, mas sim distribuído entre todos os conectados à rede. Assim também acontece hoje com a Internet, o fluxo de informações é livre – salve algumas exceções como a China e a Coreia do Norte que censuram o conteúdo que circula na Internet dentro do país.

Essa nova lógica proporciona às pessoas controle total sob seu dinheiro, muito diferente de como funciona hoje. Talvez você pense que isso não representa grande diferença prática nas nossas vidas, mas se lembra do terror que foi quando Fernando Collor, em 1990, congelou as cadernetas de poupança dos brasileiros? Esse é só um exemplo da falta de autonomia que temos.

“O bitcoin foi pensado para simular via Internet as propriedades do dinheiro em espécie, ou seja, não pode ser confiscado sem cooperação da outra parte, e as transações não podem ser revertidas. Diferentemente do dinheiro que está em um banco”, explica Marco Carnut, CEO da CoinWISE, empresa especializada em criptomoedas e em soluções Blockchain.

A origem e o mistério - Satoshi Nakamoto

Em outubro de 2008 (para ser mais exata no Halloween), Satoshi Nakamoto publicou um documento propondo o modelo da tecnologia e logo em seguida o disponibilizou implementado na forma de um programa de código aberto. Uma curiosidade: até hoje ninguém sabe ao certo quem é Satoshi Nakamoto. A rede Bitcoin entrou no ar em janeiro de 2009. Tudo o que se sabe é que se trata de um pseudônimo, mas sua verdadeira identidade permanece desconhecida. Aliás, não se sabe nem se é uma pessoa só ou um grupo que desenvolveu o protocolo.

Blockchain vs. Bitcoin

Vamos às definições então. Antes de mais nada vou deixar alguns conceitos distintos claros: existe, a rede Bitcoin, a criptomoeda Bitcoin, a tecnologia Blockchain e o registro Blockchain.

E se eu te falasse que existe mais de um tipo de Internet? Isso mesmo. A Internet que conhecemos como única na verdade é apenas um tipo, a “Internet de Informações”. Informação é tudo o que trocamos nela. Vamos entender a rede Bitcoin como a “Internet de Valores”, uma rede de computadores conectados (também podem ser chamados de nós) que tem como função abrigar e validar transações de valores. Para uma transação se tornar válida basicamente todos os nós devem reconhecê-la primeiro. Qualquer um pode se juntar à rede instalando o software do Bitcoin, ao fazer isso, você pode sem saber estar se tornando um dos auditores da rede.

A criptomoeda Bitcoin é uma unidade monetária que representa esses valores. Podemos comparar o bitcoin ao ouro, que não é dinheiro, mas pode ser revertido em tal. Atualmente, a cotação de um bitcoin gira em torno dos R$10.000,00 (não têm zeros sobrando, você leu certo: dez mil reais)  – mais precisamente R$11.110,32 na cotação do dia 26/05/2017 às 13h41, de acordo com o BitValor, site que reúne os índices de volumes e negociações do mercado brasileiro de bitcoins. A cotação do bitcoin é baseada na oferta e demanda e não é única. Vale ressaltar que o bitcoin é apenas um tipo de criptomoeda, o mais usado e conhecido hoje, mas existem muitos outros no mercado.

Lembra-se das transações que são validadas na rede? Então, elas são todas organizadas em blocos e registradas em uma espécie de livro contábil, desde a primeira movimentação realizada na história dos bitcoins. Esse “livro” é chamado de Blockchain. Os blocos são as “páginas” deste livro. Ao instalar o software do Bitcoin, todos os usuários recebem uma “cópia do livro”, que pode ser acessado por qualquer um.

Já a tecnologia Blockchain pode ser explicada dessa forma: quando criança você deve ter brincado muito daquele jogo “Fui à feira”. Para quem perdeu este momento feliz da infância, eu explico: o jogo consiste em os participantes fazerem uma roda e falarem um ingrediente que hipoteticamente compraram na feira. O participante seguinte deve listar todos os ingredientes comprados anteriormente por seus colegas e acrescentar um novo. Quem errar a ordem dos ingredientes, ou esquecer algum, perde a brincadeira. Por exemplo:

Jogador 1 - “Fui à feira e comprei uma banana”.

Jogador 2 - “Fui à feira e comprei uma banana e uma maçã”.

Jogador 3 - “Fui à feira e comprei uma banana, uma maçã e uma laranja”.

A lógica da Blockchain se assemelha muito a esse jogo, pois os blocos são organizados de forma linear e cada um faz referência ao bloco imediatamente anterior a ele. Sendo assim, para se alterar uma transação é necessário alterar toda a cadeia dos blocos seguintes (o que demandaria tempo e energia imensuráveis), uma vez que estão todos interligados. Isso significa que a informação torna-se definitiva, essa tecnologia garante a segurança de que aquela informação é praticamente impossível de ser adulterada.

Na realidade, quem joga esse jogo são os programas de computador, que fazem isso automaticamente, sem o usuário precisar intervir ou mesmo entender o que acontece. Tudo que o usuário percebe é que pode mandar bitcoins de um endereço pra outro.

Seriam os bitcoins irrastreáveis?

Vamos raciocinar juntos para responder a essa pergunta: se todas as transações são registradas no “livro” Blockchain, e esse livro é de livre acesso a todos os conectados à rede, como a criptomoeda poderia ser irrastreável? Exatamente, ela não é. Cada usuário tem um endereço alfanumérico exclusivo de 30 caracteres que o identifica. Para realizar transações é preciso fornecer o código à outra pessoa, mas o que passa a falsa sensação de anonimato é que esse endereço não contém absolutamente nenhuma informação pessoal de seu dono.

Em entrevista, João Canhada – CEO da FoxBit, maior corretora de bitcoins da América Latina – me contou de onde veio essa má fama dos bitcoins serem irrastreáveis e utilizados para fins ilegais:

Até 2013 existia um site na Deep Web chamado Silk Road, um gigantesco mercado negro onde era possível comprar praticamente qualquer droga que existisse. O site movimentava grandes quantias de dinheiro e os pagamentos eram feitos, de fato, com bitcoins. Em outubro de 2013, o americano Ross Ulbricht foi preso sob a acusação de ser o gerenciador do Silk Road e teve aproximadamente 600.000 bitcoins apreendidos em sua carteira (lembre-se da cotação do bitcoin e tente não cair para trás com esse número). Em maio de 2015, Ulbricht foi sentenciado à prisão perpétua, sem direito a condicional. A facilidade que a promotoria do caso teve para ligar os bitcoins das contas de Ross como provenientes da Silk Road fez cair por terra a teoria da confidencialidade dos bitcoins.

“A culpa não é da tecnologia. Os próprios usuários de bitcoin não a entendiam e por isso a usavam para atividades ilícitas com a ilusão do anonimato. Quando o governo prendeu Ross Ulbricht junto com a carteira de bitcoins dele, a mensagem passada foi de que essa criptomoeda não poderia mais ser usada para atividades ilegais”, reflete João.

Se você se interessou pela história da Silk Road e Ross Ulbricht, e quer conhecer a história completa, assita ao documentário Deep Web (2015) – tem no Netflix!

Mudança de público

De acordo com João, a prisão do administrador do maior mercado negro de drogas que já existiu foi um fator crucial para a mudança de público dos bitcoins. Além das pessoas saberem agora que a criptomoeda não poderia mais ser usada para o crime, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos leiloou os bitcoins apreendidos de Ross Ulbricht. Ao “vender” os bitcoins, a polícia de certa forma legitimou a moeda digital, entendendo-a como algo legal (não se leiloa cocaína apreendida, por exemplo, se destrói).

“A partir dali a mudança de público foi drástica. Você teve o ‘nerd’, o ‘geek’, o profissional de TI começando a olhar para o bitcoin com mais carinho ainda do que ele já olhava. Foi esse o público que trouxe o bitcoin até aqui desde então. O jovem geek nerd que está no começo de carreira, com 30 e poucos anos, é o principal usuário de bitcoin hoje”, reflete o CEO da FoxBit.

João ainda enxerga outra recente mudança nos interessados por bitcoins em sua corretora:

“De uns seis meses para cá houve uma mudança de perfil, eu vejo agora o investidor qualificado: o cara de bolsa de valores que tem milhões investidos já está olhando para o bitcoin para diversificar seu portfólio. O bitcoin está começando a ser comprado como investimento”.

Segurança e o processo de mineração de bitcoins

Já entendemos que com a Blockchain o poder e a segurança das transações são descentralizados. Mas quem então garante a legitimidade das trocas? São as pessoas conectadas à rede que validam as movimentações no lugar dos bancos, elas são chamadas de “mineradores”. Além de validar as transações, os mineradores as organizam em blocos. Mas essa é a parte “fácil”, acontece que para adicionar um bloco à corrente é preciso resolver uma espécie de prova matemática muito complexa, é a chamada “Prova de Trabalho” ou PoW (do inglês, proof-of-work).

Todos os mineradores tentam resolver essa equação ao mesmo tempo, e quem consegue resolvê-la primeiro envia para todos os outros membros da corrente o bloco com as transações auditadas e organizadas, juntamente com a prova de trabalho. Os outros mineradores conferem rapidamente a auditoria e se o resultado da equação está correto – imagine que essa prova matemática é parecida com o jogo Sudoku: muito difícil de resolver, mas muito fácil de conferir se está certo. Após isso o bloco é incluído na cadeia e a transação está consolidada. Desta forma, com a Blockchain o sucesso da transferência é condicionado ao sucesso da auditoria. O bitcoin se torna a realização de uma utopia contábil: nenhum bitcoin jamais pode ser criado ou desaparecer sem se saber onde foi parar, ao contrário das moedas convencionais.

Em teoria qualquer um pode ser um minerador. Não é preciso nenhum tipo de conhecimento técnico em computação ou finanças para isso. Basta instalar o software do Bitcoin, ele recebe as informações de toda a corrente e o trabalho de validação é feito automaticamente. A grande questão é que a técnica exige uma capacidade de processamento computacional muito grande, hardware (equipamento) especializado e gasta quantidades exorbitantes de energia elétrica (que no Brasil é bem cara).

Recompensa pela auditoria

Você deve estar pensando: por que alguém investiria tanto neste processo? Eis a resposta: para cada bloco decifrado e incluído na corrente há uma recompensa em bitcoins para o responsável, e é por este motivo se dá ao processo o nome de “mineração de bitcoins”. Há ainda outra forma de ganhar dinheiro minerando: por meio da “gorjeta do minerador” ou “taxa do minerador”. Quando uma pessoa faz uma transação, ela pode optar – não é obrigatório – por enviar um valor em frações de bitcoins para os mineradores a auditarem mais rápido.

“Se você não pagar a taxa do mineiro, você não terá prioridade na fila. É como ir a um show na parte da “pipoca”, quem paga a taxa vai para o camarote vip. A motivação da taxa do mineiro é evitar spam, seria muito fácil sobrecarregar a rede mandando um milhão de transações. A motivação da gorjeta é garantir que fazer uma transação seja barato, mas fazer um monte não seja economicamente favorável” – completa o CEO da CoinWISE.

Ele ainda enfatiza que a bitcoin está sendo vítima do próprio sucesso, e com mais pessoas utilizando a rede está ficando mais caro fazer transações. “Aproximadamente um ano atrás uma taxa de mineiro custava 10 ou 20 centavos. Hoje a rede está saturada e a taxa pode chegar a um ou dois reais. Essa taxa independe do valor da transação. Mas essa crise é uma situação temporária que vai melhorar no futuro, há uma série de propostas da comunidade para aumentar a capacidade do bitcoin e diminuir esse valor”.

Moeda escassa

Como eu já expliquei, é extremamente difícil “desbloquear” um bloco e incluí-lo na Blockchain. É tão difícil que para quebrar uma única chave criptográfica pode ser necessário um grande número de computadores juntos, são os chamados pools de mineração. O tempo médio que um bloco leva para ser validado é de 10 minutos, com todos os usuários da rede tentando e competindo ao mesmo tempo. A recompensa para quem consegue essa façanha é de 12,5 bitcoins hoje, mas não foi sempre assim. Quando Satoshi Nakamoto criou o Protocolo Bitcoin havia (e ainda há) uma regra no algoritmo: o bitcoin seria uma moeda escassa, a quantia máxima de bitcoins que circulará deve ser de 21 milhões. Isso significa que existirão cada vez menos bitcoins a serem minerados, pois são limitados.

É por essa razão a recompensa aos mineradores por bloco desvendado cai pela metade a cada quatro anos. Em 2009 ela era de 50 bitcoins, a partir de 2013 passou a ser 25 e hoje, em 2017 ela é de 12,5. O sistema ainda leva em consideração a evolução tecnológica dos computadores e o avanço da capacidade de processamento deles. Por este motivo as equações matemáticas para validar um bloco vão automaticamente se tornando mais difíceis com o tempo, com o objetivo de manter a média em 10 minutos por descoberta de cada bloco. Levando em consideração a lógica do protocolo, a previsão para todos os 21 milhões de bitcoins estarem em circulação é o ano 2140, sendo 99,9% deles “minerados” até 2040.

Por esses motivos a tendência do bitcoin é sempre ser valorizado – em sua lógica inicial. A economia que vivemos hoje no Brasil é inflacionária, ou seja, (simplificando bem): quando “falta” dinheiro o governo imprime mais cédulas, o que faz com que o real desvalorize constantemente, é a temida inflação. Podemos falar que a economia bitcoin é “deflacionária”, uma vez que a moeda é escassa.

“Bitcoin é escasso e se assemelha ao ouro por causa disso. Mas ele é melhor que o ouro porque é mais transportável, mais divisível, muito mais fácil de utilizar no dia-a-dia, a logística de segurança e transporte também é muito mais simples. Com o bitcoin eu faço isso com um clique. O bitcoin é o ouro digital de hoje”, explica João Canhada.

Mercado brasileiro de bitcoin

A tecnologia de Satoshi Nakamoto vem fazendo muito sucesso no Brasil e no mundo, conquistando cada vez mais usuários. Vamos ver alguns números:

De acordo com o relatório do BitValor, os três primeiros meses de 2017 apresentaram movimentação de R$79,4 milhões, R$ 81,9 milhões e R$ 133,5 milhões negociados em bitcoins, levando o acumulado de 2017 para R$ 294,9 milhões, equivalente a 81% do ano de 2016. Isso representa um crescimento de 5x sob o valor registrado no primeiro trimestre de 2016.

Já o Relatório do Fórum Econômico Global estima que até 2027 10% do PIB global estará em Blockchain (todas as criptomoedas existentes).

O bitcoin teve também desempenho financeiro melhor do que o índice Ibovespa em 2016, apontou o levantamento da Economatica. No acumulado de 2016 até o dia 12 de dezembro, o bitcoin registrou valorização de 49,75%. No mesmo período, o Ibovespa avançou 36,52%. Em comparação, o dólar teve retração de 13,7%, enquanto o euro recuou 15,85%. Já as cotações do ouro apresentaram recuo de 8,12%.

Como comprar bitcoins?

Qualquer um pode comprar bitcoins, na verdade é muito fácil, rápido e seguro. Existem as exchanges, corretoras de bitcoins que agem como corretora e bolsa de valores ao mesmo tempo. Nelas você pode se registrar, fazer um depósito em reais e comprar os bitcoins de quem está vendendo ou vender os seus. A corretora reúne compradores e vendedores de bitcoins.

Eu fiz o teste na corretora FoxBit. Para que eu pudesse me registrar foi preciso fornecer meu nome completo, endereço, número de CPF (ou CNPJ) e enviar uma cópia digitalizada de um documento com foto, comprovante de residência e uma selfie minha segurando esse documento que enviei – seria o “cara-crachá” que fazem nos bancos. O CEO da FoxBit me mostrou que eles possuem uma ferramenta de compliance pela qual é possível verificar todas as condenações de uma pessoa, e todos os clientes passam por ela. Após analisar minha documentação, e meu registro criminal, meu cadastro foi autorizado. Depois foi muito simples, pelo próprio site fiz um depósito bancário em reais e comprei os bitcoins de um vendedor. A corretora não aceita depósitos em espécie.

“Na minha concepção o objetivo do Satoshi Nakamoto nunca foi substituir o dinheiro por bitcoin, mas sim descentralizar o poder”, reflete João enfatizando que não pretende que sua corretora ocupe o lugar de um banco no futuro.

Como comprar com bitcoins?

Será que é mais complicado comprar pela Internet com bitcoins do que fazendo transações convencionais? Na verdade não. Esse foi outro teste que fiz: comprei uma camiseta pagando com bitcoins.  A transação foi bem simples, ao completar a compra a loja me disponibilizou um número de registro e o valor exato da compra em bitcoins. Na minha carteira virtual (criada gratuitamente), onde eu tinha um saldo em bitcoins, coloquei esse número de registro e a quantidade de bitcoins que desejava transferir. Cerca de 7 minutos após esse processo recebi a confirmação da transação, e pronto! A camiseta chegou em casa 10 dias depois. Não foi preciso esperar aprovação de um banco ou do cartão de crédito.

Aplicações

O primeiro e mais bem sucedido exemplo de aplicação da tecnologia Blockchain é o próprio Bitcoin, mas as variações podem ser imensuráveis. Hoje temos exemplos de registros de documentos em Blockchain, substituindo um cartório. No ramo da música, sendo o consumo do produto pago diretamente ao artista. Para registro de exames de sangue, entre muitos outros. O bitcoin pode ser substituído por qualquer coisa, desde um barril de petróleo até um kW/h.

“Podemos facilmente comparar Blockchain à Internet. Quando surgiu ninguém pensava em redes sociais, e-commerce, Whatsapp, nem nada disso. Eu inclusive acreditava que a Internet nem ia pegar e olha a proporção que tomou hoje. Estamos vivendo nessa época do mundo Bitcoin, ninguém sabe ainda ao certo quais aplicações vão estourar. Essa é a perguntas de 1 milhão de dólares, é o que tentamos descobrir aqui na CoinWISE”, reflete Marco Carnut.

Felipe Menezes, cofundador da WTF! School, entende que a descentralização que a tecnologia proporciona pode revolucionar o modo como fazemos negociações hoje.

“O Blockchain proporciona um registro distribuído e imutável. Independentemente do tipo registro a informação fica inapagável e inalterável. Além disso, você sempre poderá consultar e rastrear a origem e a trajetória daquela informação. A validação acontece de maneira descentralizada, mas a informação fica centralizada na rede. Ninguém é dono daquela informação, então ninguém pode confiscá-la ou alterá-la, as aplicações podem ser infinitas”.