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2018: o ano das startups unicórnio no Brasil

Nubank, 99 (aplicativo de taxi), PagSeguro,  Stone, Movile, iFood e Arco, essas são as sete startups que neste ano passaram a ostentar o título de startup unicórnio no Brasil. Enxutas, com foco total em tecnologia, inovação e comodidade para o usuário, elas conquistaram o público, cresceram muito e despertaram a atenção de gigantes investidores internacionais. O resultado não poderia ser outro, assistimos o nascimento dos unicórnios aqui no Brasil, e ainda tem muita gente boa no mercado brigando por este título.

As startups estão crescendo em um ritmo bem acelerado. O relatório da CB Insights - consultoria norte-americana focada em identificar tendências e empresas inovadoras - aponta que só neste ano, 53 startups receberam o título de unicórnio. Sendo que a maior parte delas oferece serviços de internet e software (15%), são e-commerces (14%) ou fintechs (12%).

Estas startups unicórnio somam mais de 260 no mundo inteiro e juntas acumulam uma quantia generosa de US$ 840 bilhões. A maioria delas está concentrada nos Estados Unidos (+ de 130 startups) e na China (+ de 160 startups). A Uber lidera o ranking desde 2015 com o valor de mercado de US$ 68 bilhões e Airbnb ocupa um espaço na lista com valor de US$ 31 bilhões, e encontramos algumas startups também valiosas como Spotify, Snapchat e Pinterest.

O que é uma startup de fato?

A definição de uma startup não é nada engessada, pelo contrário, é fluída e está na natureza do negócio. Ser ou não uma startup depende do tipo de gestão, o modelo de negócio. Uma empresa que tenha um produto ou serviço inovador e está em um mercado de extrema incerteza, já pode ser considerada uma startup. Os custos aumentam de forma linear, diferente do faturamento que aumenta de forma exponencial, ou seja, o crescimento da receita é muito maior que o crescimento das despesas.

E para deixar claro, sim, unicórnio é aquele cavalo mítico com um crifre na testa, que desde os tempos medievais é visto como um símbolo de pureza e força. Quem cunhou o jargão foi Aillen Lee, em 2003, que gostava da palavra por representar algo raro e mágico. O termo é usado para nomear as startups que valem no mercado mais de 1 bilhão de dólares.

Startup não é algo tão inédito assim

No Brasil, em 1994, já existiam startups. Você se lembra da Mandic, primeira empresa a oferecer internet e a se especializar em nuvem com o e-mail? Pois é, atualmente se fala mais sobre o assunto, porque elas cresceram muito. Segundo uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de Startups (ABStartups) o setor dobrou nos últimos seis anos, em 2012 tínhamos 2519 startups e no ano de 2017 o número saltou para 5147. Considerando que esse número não é exato, pois muitas ainda não têm CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica) ou estão na fase de concepção.

O amadurecimento do mercado no Brasil, especialmente após a crise, trouxe uma onda de novos negócios. O país entrou recentemente no mundo da tecnologia e tem um PIB um pouco mais que 1 trilhão de reais, o cenário não é ruim, visto que os Estados Unidos, por exemplo, são veteranos com os centros tecnológicos como o Vale do Silício, que existe desde 1980, aproximadamente, além do que eles têm um PIB pra mais de 19 trilhões de dólares.

Unicórnio no Brasil

Bem no começinho do ano, o app da 99 foi o primeiro a garantir seu título de unicórnio ao ser comprado por US$ 600 milhões pela gigante chinesa Didi Chuxing, que vive uma concorrência eterna com o Uber. Apesar do espaço que as startps vêm ocupando no mercado brasileiro e do sucesso que algumas alcançaram, por aqui é tudo bem mais tranquilo. Nos Estados Unidos, por exemplo. Os empreendedores disputam e correm contra o tempo para apresentar um projeto digno de um aporte. Já no Brasil falta velocidade e senso de urgência para por o negócio em pé.

Um dos motivos que explicam o crescimento do número de startups hoje em dia, o nosso professor William Juliano afirma que “é relativamente mais fácil, hoje, montar uma startup de tecnologia de software. Acesso a tecnologia é abundante. Alguém pode ter uma ideia inovadora, que pode ser um software, um app. Você testa modelos e propostas de valor e, se não der certo, parte para outro negócio. Mas tudo começa com a ideia, a oportunidade. E o problema não costuma ser a ideia em si, mas a capacidade de execução do empreendedor. Obviamente, modelos de negócio de tecnologia mais sofisticados requerem mais recursos, mais capacidade, mais resiliência”. Por isso, é muito mais difícil encontrar uma startup de medicamentos, produtos químicos e hardware, pois o investimento  inicial e custos recorrentes são bem maiores.

Apesar do cenário positivo, ainda falta investimento no Brasil

No País até têm grupos de aporte, Investidor Anjo, Inssed e Venture Capital (VC), por exemplo, porém a disputa não é tão acirrada assim. Nos EUA, os criadores passam a noite debruçados no projeto com um prazo super apertado para entregar e vender uma ideia inovadora o suficiente para receber um aporte.

Além disso, Pollini Jorio Santana que é Co-fundadora da Feedback House e já foi acelerada pela Sephora Accelerate em São Francisco, diz que “o ecossistema nos Estados Unidos é incomparável com o do Brasil. Por lá, basta ter uma boa ideia que o investimento aparece, já aqui é muito difícil o primeiro investimento, alguém que invista na ideia quando o negócio ainda está no início. O negócio precisa estar rodando bem, com alto faturamento para receber um aporte”.

Antes de lançar o negócio, faça a lição de casa

Outra dificuldade do mercado das startups, segundo o professor William “o lado bom é que existem recursos para investimento... mas por outro lado faltam bons projetos. A idade média de empreendedores do Brasil é de 44 anos, ou seja, são pessoas mais maduras. Porém faltam empreendedores que estejam preparados para montar e executar o negócio”. De acordo com William, as pessoas precisam entender que, para um negócio crescer, precisa ter as seguintes características:

1 - Uma proposta de valor vencedora, ou um Job to be done realmente matador – muitas vezes o empreendedor acredita muito no seu negócio, mas não acha clientes. Logo, o produto ou serviço é inútil. Pense o que seu produto faz ou o que o seu serviço entrega, qual problema você resolve;

2 – Tenha uma fórmula de lucro, ou seja, saiba como você vai ganhar dinheiro com o projeto;

3 - Defina claramente quais são os recursos que você precisa para tocar o projeto, humanos, financeiros, tecnológicos, etc;

4 – Quais são as atividades que a sua empresa vai executar, pense “o que eu realmente vou fazer e entregar”.

Parece simples, mas muitas startups que sonham em chegar ao patamar de unicórnio acabam pulando estes processos. E para não levar aquele tombo e acabar quebrando é busque uma boa orientação para o negócio. Além de bons projetos, é preciso ter pé no chão para executar e mão na massa. “Teste antes de começar, prepare-se. Não adianta apenas ter um sonho, é preciso saber usar a HP12C! Conheça seus números e seus riscos. Tenha um olhar pragmático para o negócio que você está montando” aconselha William Juliano. O Brasil é um terreno fértil para o setor e 2019 já é visto com ótimas perspectivas.

 

 

 

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