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Lean Startup: a metodologia que pode transformar o seu negócio

A partir da gestão Lean – que busca produzir de forma enxuta com o menor número de recursos possíveis –, o americano Eric Ries a adaptou e levou para o mundo das startups: pequenas empresas que apresentam alto potencial para crescer de forma rápida com pequenos gastos.

Na prática, o método Lean Startup envolve três principais etapas que, quando trabalhadas de forma efetiva, levam resultados para a empresa – seja ela de grande ou pequeno porte – e entregam real valor aos clientes. Mas como fazer isso?

Conversamos com Caio Montagner, professor de Inteligência de Mercado na Live University e Marcela Boutros, especialista em inovação no Makro Group para compartilhar um pouco mais sobre a metodologia. Continue lendo e confira!

1. De que forma as empresas tradicionais podem introduzir o Lean Startup no seu negócio? É possível que a mudança nos processos seja feita aos poucos?

Caio – As empresas podem incluir a lógica lean startup e lean sem startup, considerando que as iniciativas sejam projetos. Lean significa fazer as coisas de forma enxuta e já startup são as iniciativas que acontecem dentro da companhia.

A organização pode entender que um projeto pode seguir metodologia Lean Startup, iniciativas que devem ser testadas enquanto pequenas, antes de se tornarem projetos maiores com custo elevado.

Na literatura lean temos o Kaizen, que significa fazer melhor pouco a pouco todos os dias. Além disso, revisitar os projetos para entender e enxergar novas formas de melhoria.

Marcela – Toda mudança, quando falamos de grandes organizações, são desafiadoras. Normalmente, são muitas pessoas e muito tempo trabalhando da mesma forma. O Lean tem uma abordagem bastante atrativa: se trata de modelos de testes, em que o objetivo é colocar soluções para funcionar (MVP) rapidamente, com baixos investimentos, até que se essa se prove promissora o suficiente, em termos de resultados, para receber maiores investimentos e escalar. De forma geral, os executivos recebem bem esse formato, o maior desafio acaba sendo o mindset para a implementação: começar com o mínimo é uma tarefa difícil em ambientes que estamos acostumados a planejar por muito tempo, fazer grandes entregas e, principalmente, não errar. 

No Makro, temos um time de inovação que trabalha em formato de projetos com áreas diversas da organização. Nesses projetos, estamos introduzindo novas metodologias para as equipes, como Design Thinking, Lean Startup e Agile. Começar pequeno é uma premissa da própria metodologia e também acredito que seja a forma mais eficiente para introduzir uma nova maneira de trabalho dentro de grandes organizações. Começamos com alguns times, fazendo treinamentos e utilizando as ferramentas em projetos pontuais. A partir do momento que temos os early adopters e os primeiros cases, temos mais força para chegar em novas áreas. As pessoas não passam apenas a conhecer, mas também a desejar trabalhar com abordagens diferentes.

2. Na parte final do “Build – Measure – Learn”, em que momento o empreendedor conclui que é hora de pivotar a estratégia original?

Caio – Os indicadores são definidos para cada projeto. Como pivotar é trocar e fazer outra coisa, dado o indicador estabelecido para fazer a medição obteve um resultado abaixo do que foi definido como meta. Na prática, se eu escolher um indicador de satisfação de cliente, por exemplo, é esse indicador abaixo da meta que mostrará se preciso pivotar.

Outro indicador como um CTA, por exemplo, se foi clicado e deu retorno, assumo que atingiu a meta e não pivoto a estratégia original. É importante estabelecer metas que tenham fundamento.

Marcela – Não existe uma fórmula perfeita, nem o tempo certo que indique o momento de pivotar, o objetivo é aprender rápido e desperdiçar o mínimo. Trabalhando com Lean, aprendi que cada teste vai ter um objetivo muito específico de aprendizado. Normalmente, é difícil e também pouco recomendado que uma solução completa seja testada em um único experimento, uma vez que nosso objetivo é fugir de testes grandes e complexos. Então, o ideal é sempre quebrar a grande ideia em hipóteses e, cada uma delas ser testada de forma independente.

Uma vez que os objetivos de aprendizado estejam estruturados para cada experimento, com KPIs de mensuração e prazos bem definidos, o resultado e os aprendizados coletados durante as sprints nos ajudam a apontar o próximo passo.

Os resultados podem validar o experimento logo na primeira sprint, mas também, como na maioria das vezes, podem identificar oportunidades de melhorias ou a necessidade de pivotar algum aspecto da solução.
Em casos de projetos que trabalhei no Makro, já pivotamos os produtos que estavam sendo oferecidos em uma plataforma, já pivotamos o público para quem estávamos oferecendo a solução e, também, já chegamos à conclusão que não estávamos entregando uma solução que gerasse valor para o nosso cliente. 

3. Quais são as características predominantes para um MVP de qualidade?

Caio – Um MVP de qualidade é aquele que atinge os objetivos mapeados nas principais dores do cliente. Por exemplo, se tenho um produto que tem como objetivo otimizar a compra de imóveis, ele será de qualidade a partir do momento que alcançar os objetivos traçados e alinhados às personas definidas, ou até mesmo aquilo que na jornada do cliente é o momento “boom” (que deu resultados).

Ele precisa tocar na proposta de valor estabelecido como missão. Em uma lógica lean, é preciso fazê-lo consumindo o mínimo de recursos possíveis.

Marcela – Um MVP, na teoria, precisa nos ajudar a provar a factibilidade e viabilidade da solução. Além de objetivos claros e KPIs bem definidos, os critérios de sucesso também são fundamentais para guiar o caminho do projeto e as decisões do time. 

Um quarto fator: a qualidade do resultado só vai ser real se o teste apresentar um alto grau de confiabilidade, ou seja, se tiver sido implementado durante o período de tempo pré-estabelecido, com o público de interesse e condições estáveis. É muito provável que apareçam surpresas na implementação e, por isso, o time precisa estar sempre ativo no acompanhamento dos testes. 

4. Qual o mindset ideal para quem busca colocar em prática o Lean Startup no seu negócio?

Caio – Para quem busca implantar iniciativas de Lean Startup na companhia em que trabalha, o mindset ideal é: teste, erre e corrija rápido!

Marcela – A mentalidade ideal para pessoas que querem trabalhar com Lean é a mesma para aquelas que trabalham com qualquer metodologia de inovação: entender que o aprendizado é o sucesso do projeto e que, a partir dele, vamos nos aproximando da solução ideal para conseguir entregar mais valor aos nossos clientes. Alguns pontos importantes:

  1. Ser Customer Centric: todas as decisões precisam estar alinhadas com as perspectivas do cliente, seja ele um cliente interno ou externo.
  2. Aprender fazendo: discutir menos e testar mais.
  3. Mente de iniciante: muitas vezes precisamos deixar de lado o que achamos que sabemos sobre os clientes ou sobre o negócio, para estar aberto a testar e descobrir coisas novas.
  4. Ser orientado por dados: não necessariamente apenas dados quantitativos, mas informações coletadas sobre os clientes precisam ser os orientadores para as tomadas de decisão.
  5. Falhar rápido: um teste é desenvolvido de forma rápida e com pouco investimento, justamente porque as chances de falhar são altas, estamos tentando algo novo. Então, se falharmos, o que é totalmente aceitável, que seja gastando poucos recursos como tempo e dinheiro. 
  6. Celebrar o sucesso: toda mudança de mentalidade é desafiadora. Um teste que foi colocado em prática, já é progresso, é motivo de comemoração. O teste que não foi bem sucedido em termos de indicadores, mas gerou ricos aprendizados para o time, também deve ser celebrado. Aqui não falamos do resultado, mas sim do progresso que, em qualquer caminho que chegar, vai alcançar o grande objetivo da metodologia: gerar aprendizado.

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