Já entramos na era mobile only? Entenda o novo cenário
A evolução da tecnologia e dos dispositivos móveis está possibilitando um novo panorama ao e-commerce no Brasil. Seja pela praticidade, agilidade ou pela facilidade, os smartphones e tablets têm se tornado cada vez mais indispensáveis ao dia a dia das pessoas, oferecendo soluções muito mais interativas e inclusivas para os usuários. Mas, afinal, já saímos da era mobile first para a mobile only? Continue a leitura deste artigo e descubra!
É inegável que o mundo dos negócios está passando por drásticas e constantes mudanças nos últimos tempos por conta da Transformação Digital. Até pouco tempo atrás, a maioria das empresas desenvolvia seus conteúdos considerando o desktop como canal principal. Posteriormente, esse conteúdo era adaptado de acordo com as demandas dos dispositivos móveis. Com o surgimento do conceito mobile first no mercado, os papéis se inverteram, e o smartphone se transformou na primeira opção de tela dos usuários.
Já em 2017, o conceito de mobile only começou a crescer. Este está relacionado às pessoas que só usam dispositivos móveis, como celular e tablet, para navegar na internet por um período maior do que um mês no ano. Nesse contexto, as audiências destes dispositivos já ocupam o segundo lugar de preferência dos usuários, ficando atrás apenas do formato multiplataforma.
Diante desse cenário, as grandes empresas estão olhando mais atentamente para as novas tecnologias, preocupando-se cada vez mais em pensar novas estratégias e formatos de produtos que sejam feitos apenas como aplicações mobile, tendo como base a experiência completa e satisfatória do usuário.
Para nos ajudar a esclarecer alguns pontos importantes deste novo panorama, conversamos com Jorge Galvão, professor palestrante de Inteligência de Mercado na Ibramerc – Live University, e William Juliano, CEO da Kick Off Consultores Associados e também professor da Live University. Confira abaixo e fique por dentro!
1 - A principal temática do último Mobile World Congress, maior evento global de mobilidade que acontece todos os anos em Barcelona, foi justamente a crença de que todas as plataformas aos poucos deixem de ser mobile first para se tornarem mobile only. Qual o impacto disso para o e-business?
Galvão - Na verdade todo o conceito de mobilidade vai sofrer mudanças enormes. Com a IOT proporcionada pelo 5G, seremos reconhecidos pelos equipamentos em qualquer lugar que estivermos, e a interface será apenas um dos detalhes da mobilidade. Por isso “only” e não mais “first”. Somando isso à evolução da IA, que assumirá o controle de uma série de rotinas do usuário, aprendendo sobre seu comportamento, as possibilidades da mobilidade são infinitas.
William - Vamos primeiro entender que o maior uso de dispositivos móveis, versus o tradicional desktop, é uma tendência irreversível. De acordo com o Search Engine Watch, os acessos à internet por dispositivos móveis superaram os acessos por desktops há 5 anos, em 2014. Em 2018, 58% dos sites eram visitados por dispositivos móveis. Nesse mesmo ano, um usuário gastava 42% do tempo na internet por meio de um mobile. Hoje, 67% das pessoas do mundo possuem um smartphone. O impacto da tendência do uso ‘exclusivo’ de dispositivos móveis no e-commerce é gigantesco. A mudança da estratégia mobile first para mobile only sugere uma adaptação necessária e importante no e-commerce pela alteração do comportamento do consumidor - que pode preferir fazer suas transações num app ao invés de usar um website.
Isso não significa, entretanto, que todos os sites devam necessariamente desaparecer. Veja que a experiência do usuário pode ser muito melhor usando um app do que um site, pois as informações e dados que podem ser coletados num dispositivo móvel (garantido o direito de privacidade do usuário) são melhores e mais ricas do que numa transação por website.
Geolocalização, realidade aumentada, uso de QR codes, integração com apps Android e iOS, mobile ads são funcionalidades que geram melhor experiência do usuário em versões móveis, apenas. Importante notar que alguns apps e modelos de negócios já nasceram para mobile only, e fazem sentido apenas em smartphones e tablets. Quantas vezes usamos o site do Waze? Quem você conhece que chama o Uber pelo PC? A estratégia mobile only já mostra sinais de força e enorme adoção de usuários.
2 - Você acredita que os métodos de comunicação já estão adaptados ao consumidor cada dia mais mobile only? O investimento em mídia atualmente está de acordo com o comportamento dos usuários?
Galvão - Tudo está muito rápido, e o aprendizado nem sempre acompanha a velocidade das mudanças. As empresas precisam estar presentes em todos os "lugares" em que o consumidor está, e talvez o caminho seja entender que esse lugar não é físico, nem virtual, é apenas um estilo. Comunicar-se com o consumidor não é mais simples, é individualizado ao extremo, e só uma IA para aprender e acompanhar essa nova forma de abordagem, com todas as variáveis que essa forma de comunicação deve comportar.
William - Ainda há muito que evoluir em mobile ads. Se, por um lado, o mobile ad pode gerar uma personalização riquíssima, também é importante o direito à privacidade. Isso gera controvérsia e ambiguidade, pois usuários acreditam que personalização aumenta lealdade à marca. Acredito que ainda passaremos por grandes mudanças em mobile ads, e cada empresa deverá adaptar sua estratégia de comunicação ao comportamento e preferência do consumidor, individualmente. Se uma empresa possui uma estratégia omnichannel, por exemplo, ela pode precisar testar quais canais surtem melhor efeito em branding e lealdade.
3 - O marketing mobile é uma forma muito utilizada pelos negócios atuais para captar e converter quem está usando esses dispositivos. Quais as vantagens de entrar na era dos negócios via mobile nos dias de hoje?
Galvão - Quem não entrar agora, talvez não tenha capacidade de entender esse novo papel da mobilidade nos negócios. Desde a mudança que o Google fez em seus algoritmos, que a mobilidade assumiu um papel fundamental no cotidiano do usuário. As mudanças que vamos experimentar nos próximos anos, podem não dar espaço para quem não entender o que é a mobilidade hoje.
William - Sem dúvida alguma, a grande vantagem do mobile marketing é a enorme adoção de dispositivos móveis pela população. Além disso, uma estratégia mobile trará bastante experiência e conhecimento para a empresa, que usará esses ativos para a nova revolução de conectividade: o 5G. Espera-se que a tecnologia esteja operando no Brasil apenas em 2023, mas o 5G promete mudar significativamente toda a experiência de uso de dispositivos móveis.
4- Dentro deste novo contexto, quais os cuidados na hora de usar o m-commerce?
Galvão - Usar o M-commerce segue os protocolos de segurança do e-commerce, não há cuidados além daqueles já conhecidos. Meu princípio é: comprar na internet é igual a andar na rua à noite em um lugar deserto que eu não conheço. Não é tão perigoso quanto parece, e também não é tão seguro quanto a minha coragem entende ser. Melhor ficar atento.
William - Privacidade, privacidade, privacidade. A LGPD é um marco importante na regulamentação dos direitos do consumidor. Todo cuidado é pouco para garantir que os dados do usuário sejam usados dentro da normativa.
5 - Se hoje já há relógios e eletrodomésticos inteligentes, a Internet das Coisas (IoT) prevê ainda mais integração de elementos do cotidiano ao mobile em um futuro próximo. Quais as suas perspectivas para esse futuro? Ficaremos presos aos nossos aparelhos móveis?
Galvão - Ficaremos eternamente presos à rede, e não aos aparelhos. A rede vai te reconhecer pela iris, pela voz, pela face, pelo seu DNA. A conexão será com tudo a sua volta. O Device é, e será, você! Tomara que tenhamos bateria pra isso.
William - Em minha opinião, a maioria de nós já está presa aos nossos smartphones! Mas entendo que tudo seja questão de escolhas individuais sobre produtividade e conveniência. As pessoas adotam as novas tecnologias não porque são ‘bacanas’ ou ‘modernas’ ou ‘descoladas’, mas sim porque elas ajudam a ‘executar um trabalho’ de forma fácil, rápida e conveniente.
Ninguém é obrigado a usar um espertofone. Hoje se fala do JOMO (Joy Of Missing Out) como uma resposta ao FOMO (Fear Of Missing Out). As pessoas têm opções. Entendo que haverá problemas, sim, se absolutamente não houver escolha: ou o cidadão usa o dispositivo móvel ou será banido da sociedade. Particularmente, não vejo esse cenário como realista, factível ou possível. O mundo se recicla e se reinventa!
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